A inteligência artificial, parte fundamental das novas tecnologias da chamada "4º Revolução Industrial”, levará a mudanças estruturais profundas em horizontes cada vez mais próximos.
ELA-IA ajuda os países latino-americanos a navegar um mundo em rápida e constante transformação para que tornem os avanços tecnológicos em bem-estar e desenvolvimento humano integral de suas populações.
ELA-IA é um movimento formado por profissionais de saúde, gestores, intelectuais, docentes e ativistas somando esforços para a construção de uma agenda ético-política voltada à pesquisa, ao ensino, apoio e avaliação das novas tecnologias digitais.
Geramos ciclos de debates e reflexões, construimos pontes entre experiências latino-americanas e de outras regiões, promovemos a participação cidadã para que as políticas nacionais de IA sejam ética e socialmente responsáveis em seu desenho e formulação a fim de que estejam à serviço da população.
Em sua manifestação, Luiz Vianna Sobrinho - médico, pesquisador e membro da Estratégia Latino-Americana de Inteligência Artificial (ELA-IA) - reflete, a partir do ponto de vista da bioética, sobre o novo momento que atravessamos, com o avanço acelerado das tecnologias baseadas em Inteligência Artificial (IA). Levanta, sobretudo, a necessidade de pensar o uso das ferramentas digitais no Sistema Único de Saúde, de maneira a torná-lo de fato universal – desde que utilize tecnologia construída fora do ciclo de competição-exploração e leve em conta a segurança dos dados da população. Vianna apresenta, a partir dessa reflexão, a proposta da ELA-IA para a chamada Reforma Sanitária Digital.
Precisamos de um grande programa nacional em que a saúde encampe a transformação digital encabeçando a retomada do desenvolvimento. Que aproveite a potência das tecnologias de IA também na retomada dos fundamentos, que ainda buscamos, da reforma sanitária. A transformação digital da saúde terá de ser a transformação social do país – e não é uma questão de aplicativos, mas de políticas públicas que utilizem o armamento tecnológico da IA para a reestruturação do sistema e da Atenção Primária no combate à iniquidade, à fome e à miséria. Seguindo as declarações desde o início deste governo, essa é a nossa guerra.
Publicado 31/05/2023
A digitalização da saúde já é um fato e, como se pode concluir dos debates organizados pela Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, a questão é saber se o Estado dará conta de fazer essa transição histórica à altura das necessidades do público e qual sentido se dará ao uso das novas tecnologias.
Os caminhos para a digitalização da saúde passam por desenvolver conceitos a seu respeito em consonância com as ideias centrais de promoção da democracia. É necessário refletir e criar teorias a respeito da plataformização da saúde.
“Temos criado inúmeras tecnologias ou inúmeros artefatos extremamente inovadores em diversos quesitos, mas uma coisa é certa: a velocidade com que temos criado essas tecnologias e disponibilizado ao uso das populações, dos cidadãos, tem sido muito rápida frente às nossas capacidades de reflexão, de imaginação, de análise, de crítica. Lidar com essa desfasagem é um desafio brutal”, resumiu Leandro Modolo.
Publicado 05/10/2023
Pesquisador sustenta: é preciso coragem e imaginação para construir o SUS do século XXI. Para isso, resgatemos a dialética e utilizemos sua potência de transformação que permite ir além do “realismo capitalista” e da tecnoforia.
Um ensaio de Leandro Modolo
A dialética é afirmar que a realização do “digital” não consiste simplesmente na inovação dessa ou daquela tecnologia tal como está sendo orientada pelas atuais forças políticas e econômicas transnacionais – e dominantes. Consiste na crítica capaz de produzir uma transformação do que entendemos como “saúde digital”, para que essa ideia se realize como veículo de transformação da realidade nacional, quiçá latino-americana e mundial. Esta transformação, realizada em nome da crítica ao digital, será a própria realização da “saúde digital”, não mais como uma mercadoria embalada e importada ao gosto do consumidor, mas como um novo conceito – dito de outro modo, sob um novo projeto técnico, político, econômico, social, cultural e ético. Essa é uma atitude crítica dialética.
Talvez a atitude crítica mais profícua frente a novidade da “saúde digital” é nos perguntarmos: o que a “inteligência artificial” e a “hiperconectividade” recolocam como horizonte sociossanitário para o povo brasileiro, para a humanidade e para “Gaia”? O que está inscrito como potência nas novas tecnologias que nos permite recolocar a Reforma Sanitária como “projeto civilizatório”, como uma Reforma Sanitária Digital que seja capaz de realizar o que até então não conseguimos?
Publicado 29/09/2023
Big Techs movem-se para capturar o bilionário mercado da saúde. Em breve, talvez os profissionais sejam dispensáveis, em nome do “melhor da medicina”. É preciso debater e resistir a engodos para explorar as potências libertadoras da tecnologia
Um ensaio de Luiz Vianna Sobrinho
O ‘canto da sereia’, que a promessa do progresso tecnológico sempre nos oferece, aponta para o benefício que a humanidade desfrutará, com a redenção de seus problemas mundanos. No entanto, a história desde sempre, e mais claramente nos tempos modernos, tem nos demonstrado que a posse e o desenho do próprio desenvolvimento tecnológico estão vinculados ao controle e à manutenção das relações de poder. Assim, apesar do estrondoso avanço tecnológico do último século, tragicamente acentuamos mais a distribuição da riqueza produzida socialmente e mantemos grande parte da população mundial sem acesso a esses recursos, nem às condições mínimas para a dignidade humana. E nesse contexto, apresentam-se as capacidades da IA, como a tecnologia que nos ajudará a solucionar todas as crises mundiais. Reconhecendo que essa sempre foi a promessa de outras ondas tecnológicas, esperamos pelo acerto como algo que irá nos redimir de nós mesmos.
Este texto integra o dossiê Inteligência Artificial da nova edição da revista Aurora — que aborda temas relacionados a arte, mídia e política. A revista é editada pelo Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (NEAMP) da PUC-SP.
Pesquisadores, movimentos sociais, governo e empresas começam a formular, em Recife, plano para Complexo Econômico-Industrial da Saúde na região. Em seminário na UFPE, caminhos para retomar a indústria com inovação pensada para o SUS.
Por Fabiano Tonaco Borges
Os vetores de crescimento na quarta revolução industrial de interesse do SUS são as novas tecnologias da informação e bieconomia baseada na biodiversidade brasileira. As novas tecnologias da informação na saúde estarão na vanguarda da expansão do capital no curto e médio prazo. Ela inclui dispositivos de monitoramento remoto como relógios inteligentes (smartwaches), internet das coisas médicas (Internet of Medical Things – IOMT), o desenvolvimento de exoesqueletos com o uso de Inteligência Artificial (IA), cirurgias com braços mecânicos guiadas por IA, uso de realidade aumentada, impressões 3D para reabilitação (e futuramente a impressão de órgãos), uso de assistentes virtuais para profissionais de saúde e pacientes, sistemas de suporte à vida e predição de epidemias e desfechos clínicos.
O INCT TEC CIS 4.0 tem atualmente 92 pesquisadores de todos os locais do Brasil – mas prioritariamente do nordeste – que buscam impactar tecnologias que vão ser desenvolvidas e transferidas para o CEIS.
"Quanto mais capacidade científica e tecnológica, mais nós seremos regionais, nacionais e globais, mas ao mesmo tempo é dizer: o Nordeste tem um grande valor, o Nordeste é uma riqueza. O Nordeste é um espaço novo para o desenvolvimento do Brasil” - Carlos Gadelha
Publicado 01/08/2023
Pesquisadores da ELA-IA propõem que presidente aproveite ida a Pequim para estabelecer cooperação em Inteligência Artificial para o SUS. É o caminho para atualizar a Reforma Sanitária e evitar a captura de novas tecnologias pela medicina de negócios.
Luiz Vianna Sobrinho em entrevista a Antonio Martins do Outras Palavras responde à pergunta: "poderão Brasil e China trocar conhecimento para revolucionar o Sistema Único de Saúde com o uso de tecnologias digitais?"
A visita do presidente pode ser ideal para o Brasil dar esse passo, aposta o pesquisador. Lula aproveitará a chance de iniciar a Reforma Sanitária Digital?
Publicado 06/03/2023
Giliate Coelho, mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de São Paulo, ex-diretor do Datasus e gerente geral de TI da Agência Nacional de Saúde, reflete sobre o atraso tecnológico no sistema público e as enormes potencialidades de uma transformação na Saúde Digital.
Publicado 17/02/2023
Pesquisadores de várias áreas lançam hoje rede empenhada em examinar criticamente o novo salto tecnológico – e disputar seu sentido.
Por Antônio Martins, Outras Palavras
Publicado 16/02/2023
A ONU anunciou o uso de robôs para cumprir funções de cuidado à Saúde. Em entrevista ao Outra Saúde, o médico e pesquisador sênior da Fiocruz, especializado em impactos de nanomateriais, nanomedicina e nanotoxicologia, William Waissmann, reflete sobre os descaminhos das inovações tecnológicas, que hoje servem basicamente à acumulação de capital.
Publicado 10/02/2023
Luiz Vianna Sobrinho reflete sobre como o Norte global se aproveita da falta de serviços de saúde em países africanos para vender-lhes produtos, extrair dados e fazer testes. No Brasil, governo cria secretaria para regular esse mercado. Conseguirá virar o jogo e obter protagonismo?
Publicado 16/01/2023
Ilara Hämmerli, da Abrasco e pesquisadora titular da Fiocruz, além de co-fundadora da ELA-IA, apresenta algumas das principais proposições em entrevista ao Outra Saúde.
Publicado 12/12/2022
Estratégia Latino-Americana de Inteligência Artificial (ELA-IA) conversa com o Outra Saúde sobre como as novas tecnologias vão transformar a Saúde – e por que devemos questionar sua lógica de mercado sem nos deixar levar pelo ludismo.
Publicado 11/11/2022
Luiz Vianna Sobrinho e Leandro Modolo refletem sobre como a medicina de dados e a mercantilização da saúde podem fazer dos doutores meros operadores de algoritmos. Será futuro inescapável ou é possível resgatar a clínica humana? Como competir com a quantidade imensurável de dados, estudos e probabilidades que uma máquina é capaz de processar? Os médicos poderiam ser reduzidos a operadores de protocolos? Fazer medicina será trabalhar com algoritmos?
Publicado 25/10/2022
O pesquisador e co-fundador da ELA-IA, Luiz Vianna Sobrinho, do Observatório da Medicina da Ensp conversa com o CEE-Fiocruz. Médico e autor dos livros Medicina financeira, a ética estilhaçada e O ocaso da cliína – a Medicina de Dados, Vianna fala sobre as mudanças ocorrendo na medicina a partir do avanço da transformação digital, faz uma análise sobre como o SUS vem respondendo aos desafios da era digital e quais seriam as perspectivas de uso das tecnologias pelo serviço público de saúde.
Publicado 17/02/2022
Carlos Octávio Ocké-Reis, economista, ex-presidente da Associação Brasileira de Economia da Saúde, e Luiz Vianna Sobrinho discutem o processo de financeirização que promove o desfinanciamento do SUS e a privatização do sistema de saúde.
Em livro provocador, o médico e pesquisador Luiz Vianna Sobrinho sustenta: defensores da Reforma Sanitária não podem voltar as costas para a medicina de dados — sob o risco de entregar ao setor privado uma ferramenta de enorme potência. Em que bases será construído o SUS de que a sociedade brasileira precisa?
Publicado 12/05/2022
O livro do médico e pesquisador Luiz Vianna Sobrinho aborda a evolução da medicina nas últimas décadas, desde a medicina social até a medicina dos dados, baseada em inteligência artificial. O autor argumenta que houve um equívoco na proposta da Reforma Sanitária, que tentou afastar a biomedicina de seu núcleo teórico e foco político, mas acabou fortalecendo e aumentando seu protagonismo econômico, político e social. Isso resultou em uma cisão entre a biomedicina e a saúde coletiva. A clínica, que é a base histórica da profissão médica, será transformada pela medicina dos dados, e o médico do futuro pode acabar sendo um gestor de equipe de bioinformáticos e cientistas da computação.
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